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terça-feira, 18 de abril de 2017

Em entrevista, psicólogo fala sobre a depressão

By admin


De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 5,8% da população brasileira sofrem de depressão – um total de 11,5 milhões de casos. O índice é o maior na América Latina e o segundo maior nas Américas, atrás apenas dos Estados Unidos, que registram 5,9% da população com o transtorno e um total de 17,4 milhões de casos.


O levantamento mostra que, além do Brasil e dos Estados Unidos, países como a Ucrânia, Austrália e Estônia também registram altos índices de depressão em sua população – 6,3%, 5,9% e 5,9%, respectivamente. Entre as nações com os menores índices do transtorno estão as Ilhas Salomão (2,9%) e a Guatemala (3,7%). A prevalência na população mundial, segundo a OMS, é 4,4%. O órgão alertou ainda que a depressão figura como a principal causa de incapacidade laboral no planeta.


O psicólogo Organizacional especializado em Gestão Estratégica de Pessoas, pela Fundação Getúlio Vargas, Pablo Ladeira, em entrevista exclusiva, falou um pouco mais sobre a depressão.


Como podemos definir a depressão?


O conceito de depressão pode ser diversificado de acordo com a linha de atuação do profissional, na psicanálise estudamos a depressão a partir do texto de Freud de 1917 “Luto e melancolia”, posteriormente estudos científicos apontaram para disfunções cerebrais que justificam e dão embasamento ao tratamento da depressão. Entretanto é comum a todas as linhas de atuação da psicologia a concepção de que na depressão o sujeito é invadido por sentimentos ruins em relação a si mesmo, muitas vezes acompanhados por sentimentos de autorrecriminação, autodepreciação e autolamento. Não é uma situação fácil de administrar sozinho.


Qual é a diferença, o limite, entre tristeza e depressão?


A tristeza é algo momentâneo que pode ou não se estender, muitas vezes com causa palpável e que permite ao sujeito (comportamentos mais comuns em pessoas analisadas) mudar a situação de forma consciente buscando alternativas de vida que a tragam felicidade. Em outro extremo, a depressão, com causas inconscientes e manifestações que fogem ao controle do sujeito (sua autoestima baixa não o permite analisar a situação com clareza), o que pode gerar um agravamento do caso. Lembrando que cada caso é um caso, que sujeitos são diferentes e por isso os sintomas podem se manifestar de diversas formas.


Por que a depressão tornou-se o modo de sofrimento mais evidente no século XXI?


Porque “depressão” passou a ser um diagnóstico para justificar uma série de sintomas e com ele uma série de comportamentos, que por vezes, considerados inadequados perante a sociedade. A contemporaneidade da comunicação atual, a grande exposição nas redes sociais pode ser consumida de forma inadequada pelo sujeito, causando sensação de desconforto e inadequação.


Você acha que a depressão é levada a sério ou é minimizada pela sociedade?


Para muitos hoje virou algo banalizado. Tanto da parte de quem potencializa a depressão para se autovitimizar, como de quem acompanha de fora e não se coloca empaticamente no lugar do outro para compreender que ninguém escolhe ficar deprimido. A depressão é uma luta interna constante, que causa no sujeito desconforto tamanho e para ele torna-se insuportável viver em sociedade, por isso a reclusão. Devemos olhar com calma as situações, não julgar é fundamental para mostrar ao deprimido que ele pode pedir ajuda, que a luta contra a depressão se acompanhada por amigos e familiares é menos dolorida para o sujeito.


A prescrição de medicamentos para o tratamento da depressão ainda é controversa, na área da saúde, entre psicólogos e psiquiatras?


Primeiro é importante esclarecer que os remédios para depressão não curam a depressão, é fundamental que haja acompanhamento com um psicólogo. Os medicamentos ajudam a diminuir os sintomas da depressão como tristeza, perda de energia, ansiedade, entre outros. Eles atuam no sistema nervoso central, aumentando a excitação cerebral e a circulação sanguínea, o que estimula mais o cérebro e diminui os sintomas.


O segredo para entender a efetividade desta dinâmica está no conceito de interdependência. Nós lutamos por independência sempre, mas se compreendermos que quanto mais interdependente formos, mais atuarmos de forma multidisciplinar, a efetividade dos tratamentos para depressão será muito maior. Psiquiatras, psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas e educadores físicos precisam trabalhar em interdependência. O cuidado alimentar e a atividade física contribuem significativamente para o tratamento, a adequação do medicamento e o processo de escuta propiciado pelos psicólogos e psiquiatras fornecem solução para diversos desconfortos por parte do deprimido. Não se esqueçam: interdependência é parte da solução.


Foto – Arquivo Pessoal


Via:: Jornal de Colombo



Em entrevista, psicólogo fala sobre a depressão

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